quinta-feira, 16 de junho de 2011

JOHN BERGER | autor dos textos para "EUROPA"

John Berger nasceu em Londres em 1926. As marcas da guerra no futuro incerto do seu pai, o radicalismo político da mãe e a dureza da escolaridade britânica, fariam dele anarquista aos quinze anos, desertor do preparatório de Oxford aos dezasseis e aluno rebelde, mais tarde, na Escola Central de Belas Artes. “No meio dos escombros dos bombardeamentos e das sirenes de alarmes de ataques aéreos, perseguia-me uma única ideia: queria desenhar mulheres nuas. Todo o dia", escreve num ensaio. Depois do fim da guerra, a fé Marxista (que nunca a filiação partidária), outra escola de arte - desta vez em Chelsea, com professores como Henry Moore - e o primeiro ofício, com uma coluna semanal de crítica de arte no New Statesman e no Tribune, editado por George Orwell. Depois seguiu-se uma mescla de crítica, ficção e política: o escândalo do seu primeiro romance, «A Paintor Of Our Time», duramente criticado pela sua aparente simpatia com a Hungria pró soviética; o êxito inesperado do seu ensaio «Modos de Ver» (editado em Portugal pelas Edições70); o Booker Prize pelo seu romance «G», com o prémio doado, em parte, ao movimento Panteras Negras; o seu exílio definitivo no continente, numa comunidade de camponeses nos Alpes franceses e a sua actual dupla vida pendular, dividida entre um subúrbio parisiense durante o Inverno e a povoação alpina no Verão. Afastado, por decisão própria, da casa familiar, instituições escolares, da vida académica, da comunidade literária e da pátria, John Berger é um exilado reincidente e voluntário. A sua inadequação natural aos limites da própria cultura, dos credos religiosos e dos dogmas partidários deriva em intensidade e corresponde-se com um diletantismo deliberado entre o ensaio, a ficção, o desenho, o cinema, a poesia, o drama, como se também na arte, na tensão entre a imaginação e a razão, imagem ou palavra, buscasse um território mais livre. Escreveu, entre outras obras, «Art And Revolution»; «The Sucess And Failure of Picasso»; «To The Wedding: A Novel»; «A Fortunate Man: The Story of a Country Doctor»; a trilogia «Into Their Labours»; «King – A Street Story»; «E os Nossos Rostos, Meu Amor, Fugazes como Fotografias» (editado em Portugal pela Quasi Edições); «Aqui nos Encontramos» e «De A para X» (editados pela Civilização); peças de teatro («The Vertical Line», com o Theatre de Complicité); o argumentos para filmes de Alain Tanner («Jonas Que no Ano 2000 Terá 25 Anos»; «A Salamandra»); colaborou ainda com a companhia de dança Mal Pelo («Testimoni de llops»; «He Visto Caballos»), da Catalunha. Em 2002, esteve em Portugal, a convite do teatromosca, para a estreia do espectáculo «Dog Art», a partir de «King – A Street Story».

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